PF quer usar apuração do inquérito do golpe no caso da “Abin paralela”
A PF acredita existir um elo entre as investigações e que as provas do inquérito do golpe podem ajudar em responsabilizações istrativas
atualizado
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A Polícia Federal (PF) pediu autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para usar as informações obtidas no âmbito das apurações do inquérito de suposta trama golpista em 2022 no caso da “Abin paralela”. A PF vê ligação entre servidores públicos que podem estar envolvidos nos dois casos e acredita que os fatos podem levar a uma responsabilização na esfera istrativa.
Por isso, os investigadores querem o compartilhamento dos elementos de prova produzidos na investigação do golpe com a Corregedoria-Geral da Policia Federal.
Documento assinado pelo delegado Fabio Alvarez Shor ressalta que a investigação conduzida nos autos da Pet. 12.100/DF, que apura uma tentativa de golpe de Estado, que previa um plano que supostamente incluiria os assassinatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então presidente eleito, de seu vice, Geraldo Alckimn (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, identificou a participação de servidores lotados na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Segundo a investigação, eles atuaram com a finalidade de disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro e assessorar o então presidente Jair Bolsonaro (PL) com estratégias de ataques às instituições democráticas, ao Poder Judiciário e seus respectivos membros.
“Nesse sentido, os elementos de prova colhidos durante a fase ostensiva da presente investigação poderão subsidiar as apurações relativas à constituição criminosa de uma estrutura de inteligência paralela dentro da ABIN a essa apuração, policiais federais investigam o uso de sistemas da Abin para monitorar ilegalmente autoridades, políticos e jornalistas durante o governo Jair Bolsonaro (PL)”, diz o delgado no pedido enviado ao STF.
Shor alega que a mesma investigação demonstrou que “vários servidores policiais federais, atuaram, dentro da divisão de tarefas estabelecida pelo grupo criminoso, para desenvolver ações voltadas a desestabilizar o Estado Democrático de Direito”. Diz ainda que “tais fatos, podem acarretar na responsabilização na esfera istrativa-disciplinar”, considera. Assim, o delegado pede o compartilhamento.
Operação Contragolpe
Na Operação Contragolpe, deflagrada em 19 de novembro pela Polícia Federal e que prendeu integrantes de um organização criminosa que teria planejado um golpe de Estado em 2002, encabeçada pelos militares chamados de “kids pretos“, foi exposto um plano que supostamente incluiria os assassinatos de Lula, Alckimn (PSB) do ministro do STF Alexandre de Moraes.
De acordo com a PF, o plano que teria como objetivo eliminar Lula, Alckmin e Moraes é o “Punhal Verde e Amarelo”, uma ação que seria executada no dia 15 de dezembro de 2022, pouco mais de um mês e meio após o segundo turno das eleições, quando Lula derrotou Bolsonaro.
Após consumados o golpe e os assassinatos dos alvos, os “kids pretos” instituiriam um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, integrado pelos próprios militares, que lidaria com as consequências das medidas extremas adotadas. Algo como uma “junta militar” para confirmar o golpe.
“O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas”, relata a PF.
As investigações da Polícia Federal apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE).