Moraes rejeita pedido de delegada para atuar em depoimento de Torres
Advogados de Marília Alencar, também ré na ação que investiga uma suposta trama golpista, pediam para participar de depoimento de Torres
atualizado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes rejeitou o pedido da delegada da Polícia Federal (PF) Marília Ferreira de Alencar para que seus advogados participem do interrogatório do ex-ministro da Justiça Anderson Torres a partir de segunda-feira (9/6).
Marília é ré na ação penal que apura a suposta trama golpista e integra o núcleo 2 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e acolhida pela Primeira Turma do Supremo.
Os advogados da delegada solicitaram a participação no interrogatório sob o argumento de que, segundo a própria denúncia, Marília e Torres teriam utilizado indevidamente a estrutura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de ambos ocuparem cargos na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) durante os atos golpistas de 8 de Janeiro.
“Como se observa da narrativa da exordial, os pretensos fatos imputados à requerente e ao denunciado Anderson Torres nos supracitados eventos são intimamente ligados, principalmente pela relação profissional existente entre eles. Ou seja, embora os denunciados tenham sido organizados em núcleos distintos e submetidos a processos autônomos a partir do recebimento da denúncia, a comunhão probatória e a possível relevância recíproca das provas produzidas em cada um dos feitos são incontestes”, afirmaram os advogados em petição apresentada nesta sexta-feira (6/6).
No entanto, Moraes indeferiu o pedido. O ministro argumentou que “não há qualquer pertinência no requerimento para participação ativa no interrogatório de Anderson Gustavo Torres pelos advogados de Marília Ferreira de Alencar, tendo em vista que a requerente não é parte desta ação penal”.
“Ressalte-se, ainda, a inexistência de qualquer prejuízo à Defesa, pois os interrogatórios dos réus na AP 2.668/DF serão realizados presencialmente na sala da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, com transmissão pela TV Justiça, de modo que a requerente poderá, caso queira, acompanhar pessoalmente as referidas audiências”, completou Moraes.
Interrogatórios
O STF alterou a disposição dos réus que prestarão depoimentos na ação penal que investiga uma suposta trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Inicialmente, Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, sentariam lado a lado. No entanto, como Cid é o delator do caso e, por isso, o primeiro a ser interrogado, o Supremo modificou para que ele fique posicionado na ponta da fileira, lugar onde originalmente se sentaria o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Com a mudança, a disposição dos réus seguirá a ordem dos depoimentos. As demais posições permanecem inalteradas. Assim, Bolsonaro ficará entre o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.
Todos os réus estarão sentados na primeira fileira de cadeiras da Primeira Turma. A ordem de assentos respeita, em regra, a ordem alfabética dos nomes — exceto no caso de Cid, que foi deslocado para a ponta.
Confira:
Como serão os interrogatórios
A dinâmica dos interrogatórios será a seguinte: o réu se levanta da primeira fila, senta-se diante dos ministros ao lado do advogado, presta depoimento e, ao final, retorna ao lugar de origem.
Apesar de Cid ser o primeiro a depor, ainda não há definição sobre o dia em que os demais, inclusive Bolsonaro, serão ouvidos. Isso dependerá das manifestações das defesas e da atuação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que também poderá fazer perguntas aos réus.
A ordem das oitivas já está definida: após Cid, será ouvido o deputado Alexandre Ramagem, seguindo a ordem alfabética. As audiências são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes. Os interrogatórios, nessa etapa, serão feitos, apenas, com os réus do chamado núcleo 1 da trama golpista. São eles:
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, general do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Mauro Cid, delator do esquema e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa; e
- Walter Souza Braga Netto, general do Exército ex-ministro da Casa Civil.